O wordpress é a plataforma de gerenciamento de conteúdo mais utilizada do mundo. Atualmente estima-se algo próximo de 75 milhões de sites que são gerenciados por esse CMS diariamente, e isso significa cerca de 55% do market share do mercado. É tão expressivo que se você é novo no campo digital, talvez já esteja convencido que o WordPress é a única opção para criação de blogs e sites. Mas não é. E para sites mais robustos, não deveria nem ser cogitado.
Não me entenda mal, como gerenciador para blogs ele é ótimo: segue boas práticas de SEO, tem um core sólido, uma infinidade de temas para você não precisar investir em design exclusivo e alguns recursos bem interessantes. Qualquer pessoa com dois neurônios é capaz de instalar ele e sair rodando. Mas para por aí.
O problema começa quando diversas empresas ainda insistem em vender projetos maiores com um backend formado pelo kit WordPress + Plugins, com argumentos como “otimização completa”, “fácil de customizar”, “seguro” e por aí vai. Então resolvi escrever um pequeno artigo para “descontruir” algumas afirmações recorrentes sobre esse CMS.
O WordPress é extremamente seguro.
Não. Longe disso. MUITO longe. Embora o core do WordPress seja estável e sólido, desenvolvido por uma empresa de desenvolvimento web que segue ótimas práticas de desenvolvimento (Automatic, inc), a imensa maioria dos plugins e temas é feita por terceiros. E aí você inclui uma imensidão de amadores que alteram código a esmo e entregam como uma funcionalidade muito parecida com aquela que você precisa (sim, a sua agência não vai desenvolver a funcionalidade do zero se existir um plugin que já faça o que você pediu no briefing). E muitos desses plugins e temas não são revisados. O resultado disso é uma lista gigantesca de vulnerabilidades, principalmente aquelas que envolvem SQL Injection.
Dica: se você tem um site em wordpress, configure o Google Webmaster Tools. Ele realiza uma varredura constante no site e identifica casos de injection que possam passar despercebidos. Mais de uma vez ele nos alertou sobre projetos de clientes com anúncios de viagra em alguma página oculta 😉
O WordPress é otimizado para mecanismos de busca
Não é a toa que ele é o “queridinho do SEO”. Com o WordPress é possível criar URLs amigáveis, estruturas de metatags otimizadas e temas que seguem as melhores práticas de otimização.
A questão é que isso tudo é o básico do SEO, e qualquer projeto sério deve seguir esses padrões. URLs amigáveis fazem parte de um roteamento padrão na maior parte dos frameworks de desenvolvimento (do PHP ao Ruby) e metatags bom, isso faz parte do básico da codificação HTML, que qualquer agência web deve dominar.
Na realidade, ao configurar diversos plugins de SEO e criar categorias, é muito comum os usuários prejudicarem ainda mais a otimização dos sites em wordpress ao duplicar conteúdo em massa.
O WordPress é fácil de dar manutenção
Recentemente recebemos uma RFP para elaborarmos o orçamento para construção de um portal de uma grande empresa de tecnologia no RS. A principal exigência é que o projeto deveria usar o WordPress como CMS. O motivo? “Qualquer um poderia dar manutenção depois e não ficariam presos à agência que construiu”.
Essa falsa impressão de que é simples customizar o WordPress surgiu, justamente, porque é possível instalar e rodar ele em 5 minutos (até menos). Porém customizá-lo vai muito além de alterar tamanhos de fonte ou mudar cores. Quando o projeto exige qualquer lógica mais avançada, começa a se tornar necessário desenvolver plugins ou customizar os existentes, uma tarefa que costuma levar MUITO mais horas do que se fosse feito em um framework de desenvolvimento tradicional (como Laravel ou Cake, no caso do PHP).
E se a preocupação é a manutenção posterior, priorize a busca por uma agência qualificada, que segue boas práticas de desenvolvimento, e não por usar um CMS que qualquer um sabe instalar.
Aliás, você precisa escolher: Adapta os processos da empresa ao funcionamento WordPress ou tenta alterar toda uma lógica do framwork para adaptá-lo aos seus processos. E se o caminho for o da customização, planeje o investimento para monitorar e corrigir os problemas que começam a surgir a partir da atualização das versões do WordPress.
O WordPress é leve
Tanto o core do WordPress quanto as extensões e plugins são pesados para o que se propõe. Com funções PHP diversas e queries SQL nem sempre otimizadas (caso dos plugins), uma instalação tradicional do WordPress consome um volume bem elevado de recursos. Algumas hospedagens compartilhadas limitam o tipo de plugin que você pode instalar, por já saberem o impacto de consumo.
O WordPress é rápido para instalar
Na verdade esse não é um mito. É realmente verdade. Recentemente lançamos um blog da agência e o processo todo, entre instalação do WordPress e dos temas e importação dos posts antigos, não levou 20 minutos.
A questão é: Que tipo de projeto sua empresa desenvolve onde ganhar alguns MINUTOS (ou até algumas horas) na instalação é realmente relevante? Que tipo de projeto você pode olhar pro escopo todo e pensar: “Bom, precisamos escolher um CMS onde a gente possa instalar em alguns minutos e ignorar completamente o impacto que ele terá na evolução do projeto ao longo dos próximos meses!“.
Resumindo, o WordPress é um ótimo sistema de gerenciamento de blogs. Mas seus principais benefícios param por aí. Ele pode ser útil para pequenos sites institucionais, com pouca customização e funcionalidades, ou para aquilo que ele se propõe: Blogs.
Se o objetivo é um projeto robusto, com maior atenção à segurança e potencial de customização futuro, direcione seus esforços em buscar uma empresa qualificada, que siga boas práticas de desenvolvimento e esteja capacitada para o desenvolvimento necessário.
Artigo originalmente publicado no Baguete 😉
